Una nueva motivación: la tele en la escuela
A new motivation: the television in the school

Ana Luisa Fernandes Gonçalves
Faro (Portugal)


     
             
             
     

RESUMEN

     
     

La presente comunicación se refiere a la presencia de la tele en la sociedad en general y a su potencial como agente importante de formación y educación, junto con la escuela y la familia, en la vida de los niños y de los jóvenes.
Actualmente vivimos inmersos en un mundo complejo de imágenes con sonido, que recibimos muy especialmente a través de la tele, del cine y de Internet, los cuales hacen parte del cotidiano del universo infantil. Así, a fin de organizar algunos de los contenidos desde los que es posible enfocar el tema, estructuramos este artículo en cuatro partes.
La primera parte describe la presencia de la tele a diario de los niños y su relación con la caja mágica, incluso la identificación que hacen de sus personajes favoritos, a fin de comprender el espacio que ocupa la tele en su cotidianidad.
La segunda parte presenta los distintos mensajes transmitidos por la tele. Es importante analizar las principales riesgos y ventajes de la televisión, o sea, a pesar de algunos programas muestran antivalores de la tele: fomentar excesivamente el consumo, exponer a los niños a un ambiente de violencia y pornografía también entretiene, acompaña, educa, informa, favorece el acceso a la cultura y permite unir a la familia en torno a un programa.
Cuanto a la tercera parte, plantea la necesidad de incorporar la tele como recurso curricular en la escuela, para que enseñe a los alumnos a analizar crítica y reflexivamente los textos mediáticos. La televisión es considerada como una herramienta poderosa, determinante en la comunicación, tanto en la formación de valores e ideas, como en la transmisión de cultura; la función de la escuela no es permanecer ajena a este factor, pero procurar reflexionar para comprender y decidir mejor su impacto en el desarrollo de los niños y jóvenes.
Como conclusión podemos añadir que hemos tratado de apuntar algunas estrategias que educadores y padres podrán trabajar junto con los niños y los jóvenes, para que éstes tengan una nueva mirada del mundo de la tele y para que sepan hacer su propia selección y tener una actitud crítica ante el producto visionado.

     
             
      ABSTRACT      
     

The present article is about the presence of the tv in the society, in general, and its potential as an important agent, such as the family and the school, on the children’s and young people’s development and education.

Nowadays we live in a complex world of images with sound, the most of them transmitted by the tv, the cinema and the internet. The infantile universe is full of those images. This way we structured this article in four parts, refering some of the contents related with this subject.

The first part describes the presence of the television in the children's daylife and their relationship with the magic box, even the identification that they make with its favourites characters, in order to understand the space that the TV occupies in their lives.

The second part presents the different messages transmitted by the television. It is important to analyze the main risks and advantages of television, that is to say, in spite of some programs show bad values, foment the excessive consumption, expose the children to an atmosphere of violence and pornography, also entertains, accompanies, educates, informs, favours the access to the culture and allows to unite the family around a program. At last the third part, this one outlines the necessity to put the tele as a curricular resource in the school, to teaches the students how to analyze, how to criticize and to think about the texts and the news of the world today. The television, considered a powerful tool, is decisive in the communication, such in the formation of values and ideas as in the culture transmission. The function of the school is not to remain far from this factor, but to try to meditate, to understand and to decide its impact, in a better way, on the development of the children and youngs.

As conclusion we can add that we’ve tried to aim some strategies that educators and parents will be able to work, united to the children and the youngs, so they could have a new look of the Tv’s world and that they could know how to make their own selection and how to have a critical attitude before the watched product.
     
             
      DESCRIPTORES/KEYWORDS      
     

Motivación, complemento, personalidad, universo mágico.
Motivation, complement, personality, magic universe.

     
             
             
     

Actualmente a escola deveria estar capacitada para ajudar os alunos a interpretar e a analisaros conteúdos audiovisuais, que diariamente recebem através dos media. No caso concreto da maravilhosa caixa mágica, os programas transmitidos podem ser considerados excelentes recursos didácticos que desenvolvem diversas funções educativas: a de informar, a de reflectir, a de motivar para a investigação e ainda a de estimular para a criatividade e para a produção das próprias mensagens. Num contexto educativo, a televisão pode ser um grande recurso a utilizar na sala de aula, mas que não se deverá limitar a um aumento do número de horas de visionamento, mas sim à descoberta de um meio que apesar de lhes ser familiar, desconhecem a sua forma de funcionamento, a linguagem através da qual se exprime...

Habitualmente a televisão tem por missão aliviar os pais e por vezes, quando utilizada na escola desempenha o mesmo papel para com os professores. A televisão tem por vezes a possibilidade de dar a conhecer às crianças e aos jovens, aquilo que a escola por vezes não oferece. É também considerada a «escola paralela», ou seja os conhecimentos que os alunos levam para a escola, os quais partem das suas vivências e que constituem o currículo informal.

Um dos casos em que a televisão teve sucesso em termos educativos, foi no programa Rua Sésamo, que tal como referencia Balle (2003: 81), «ensinou o alfabeto a dezenas de milhões de crianças em todo o mundo».

As imagens apresentadas na televisão incrementam na criança a sua predilecção pelo irreal. Elas projectam-se e identificam-se com as personagens e com as suas histórias. Como tal, é necessário que a criança adquira os conhecimentos essenciais, que aprenda as noções básicas que lhe permitam compreender e interpretar as imagens que diariamente a rodeiam.

     
             
     

1. A televisão no universo das crianças

     
     

A informação que obtemos diariamente cheganos não apenas sob a forma de escrita, como também de forma visual, sonora ou ainda através de imagens e de som em simultâneo.

Apesar do conteúdo das mensagens transmitidas através dos meios de comunicação, nos parecer linear, na realidade é utilizada uma linguagem que tem as suas próprias características e regras gramaticais, a qual pode ser utilizada para transmitir conceitos e ideias sobre o mundo.

No caso concreto dos mais jovens, para que estes sejam capazes de analisar e de interpretar esta vasta cultura audiovisual que os rodeia, é necessário que da mesma forma que lhes foi ensinada a linguagem para a comunicação escrita e oral, lhes seja agora ministrada forma­ção no campo da linguagem audiovisual.

Neste último milénio, esta oferta de informação a que temos assistido, tende a contribuir para profundas alterações no sistema educativo, o qual infelizmente ainda não consegue acompanhar e dar a resposta que é necessária.

Apesar da relação das crianças com os meios de comunicação, ainda ser um tema pouco abordado em todo o mundo, existem estudos que consideram que os mais novos consomem muitas horas diárias em frente ao televisor. Segundo Bartolomé (2002: 45), especialista na utilização dos meios de comunicação na educação, as crianças espanholas passavam em média três horas diárias em frente à televisão, ou seja, mais do que o tempo que passam com os seus pais, alimentandose, brincando com os amigos ou estudando em casa.

A televisão é um meio de comunicação de massas que está presente na maioria dos la­res, independentemente do nível social, e é com facilidade que a informação chega ao espec­ta­dor, apesar de nem sempre a mensagem ser compreendida. Outro factor importante é o facto da grande maioria dos espectadores ser crianças e jovens, os quais não têm ninguém para os orien­tar nos temas apresentados.

     
     
As crianças desde os primeiros meses de vida imitam quem as rodeia, não sendo capaz de fazer uma selecção. Inclusivé em relação às atitudes que observam nas personagens, também têm tendência em imitar. No caso concreto dos filmes que os mais novos desfrutam através da televisão, desde cedo que começam a apreciar e a sentir os momentos de fascínio, de expectativa e de inibição que um filme lhes oferece. As crianças com idade compreendida entre os sete e os doze anos, estabelecem com o herói da ‘pantalla’ um processo de identificação, tal como os adultos também o fazem relativamente a outras personagens. No caso do jovem, quando se encontra no período de ‘autoafirmação’, sente um grande desejo de imitar quem o rodeia, como tal em determinado filme, uma certa personagem pode despertarlhe muitos ideais.      
     

 

Como refere Lurçat (1995: 28), o espectáculo cinematográfico possibilita que as crianças participem dentro de certos limites. Por vezes observase que as crianças descrevem determinada cena observada, como algo que ocorreu e em que participaram, tendo dificuldade em fazer distinções entre o filme projectado e a realidade. A maioria das crianças colocase «na pele das personagens», devido a semelhanças que possam existir entre as suas características e as dos seus heróis. A televisão facilita «modelos e heróis» que as crianças pretendem imitar, acabando muitas vezes por conseguir uma imitação quase perfeita.

São diversos os factores que contribuem para que o universo mágico da televisão, seja tão atractivo aos olhos dos mais novos. Segundo Ferrés (1994: 49-50), os componentes responsáveis pela sedu­ção televisiva são:

- A gratificação sensorial deriva de um bombardeio de estímulos visuais e sonoros, onde as luzes, as formas e as cores constituem gratificações em si mesmas, para além da música e dos sons. Essa gratificação é complementada com personagens sedutoras tais como belas mulheres, homens dinâmicos, grandes cenários, tal como paisagens exóticas, ambientes de luxo...

- A gratificação mental é oriunda das fábulas e fantasias que são motivo suficiente para satisfazer as necessidades básicas. Tal como refere Lorenzo González (1988: 86) «o mundo da fantasia, dos sonhos, da poesia e das fábulas é tão necessário para a saúde mental como o alimento para o corpo». Ou seja, as pessoas necessitam de mitos para viver, tal como do ar para respirar.

- A gratificação psíquica provém da liberação catártica como consequência dos pro­cessos de identificação e de projecção, os quais permitem ao espectador elaborar os seus con­flitos internos.

     
             
     

2. As mensagens televisivas

     
     

Sempre que há necessidade de encontrar um responsável para culpabilizar por determinado acto de violência e em particular se está relacionado com crianças ou jovens, na maioria das vezes atribui-se a responsabilidade ao que estes vêem na televisão. É dito que a televisão desenvolve a agressividade da criança. Desde os filmes policiais, às notícias da actualidade, a determinados filmes, todos estes oferecem uma grande variedade de imagens onde a violência é uma constante. Como consequência, a criança da mesma forma que imita o pai a barbearse, também naturalmente irá reproduzir o que viu no pequeno ecrã. Quantas vezes é frequente assistirmos no recreio das nossas escolas a grandes combates de boxe? A criança servese da imagem que observou, como um pretexto para a brincadeira, podendo ou não confundir com a realidade. Como refere De Besombes (1975: 38) é preferível que a criança se liberte exprimindose, contrariamente ao guardar essa imagem dentro de si, entre recordações e impressões. A autora questiona se não será isto, mais um «motivo para acompanharmos as crianças, mais uma razão para explicar uma imagem que as impressionou dizendo que a senhora ‘finge’ estar louca para nos demonstrar que a guerra é apavoradora e que mais vale serse pacífico?».

Dado que a televisão desempenha um papel central na vida das crianças e dos jovens, a partir de determinado programa televisivo, estes incorporam as práticas sociais que observam, as quais assumem como comportamentos quotidianos no seu diaadia, dentro e fora da escola.

As crianças ao se encontrarem diante de um televisor, concentramse nas histórias fantásticas que são apresentadas e inclusivé na publicidade, a qual rapidamente contribui para que desejem e para que fiquem maravilhados com os produtos que ali vão desfilando.

A grande problemática reside no facto das crianças ao desfrutarem da televisão, pro­cu­ra­rem modelos de vida nas personagens e nas suas histórias, contribuindo desta forma para a cons­­trução da sua personalidade.

A sensualidade e a violência predominam nas imagens. O prazer na violência, a violência no prazer, o encantamento pelas armas, a deficiência em afecto são características das mensagens. Como consequência destas características, os pais e a escola deveriam estar capacitados para dar resposta a esta situação, de forma a que as crianças tivessem uma nova atitude frente ao televisor, ou seja mais crítica e mais selectiva, sendo capazes de seleccionar o que é mais significativo, o que tem mais interesse e que faz mais sentido. Como mecanismos de defesa em resposta a mensagens mais intrigantes, irão actuar as ideias, as convicções e os valores de cada indivíduo. No caso dos mais novos, atendendo à sua tenra idade, apenas possuem algumas experiências, contrariamente a um adulto que «confronta o que vê com as suas experiências anteriores, com a sua ideologia, com os seus valores assumidos, com as suas expectativas, com os seus fantasmas» (Ferrés, 1994: 115).

Um dos temas mais abordados pelos educadores e investigadores é a violência na televisão, concretamente os seus efeitos psicológicos. Investigações realizadas revelaram que a violência através dos meios de comunicação e no caso concreto da televisão, manifestase so­bre as crianças1:

- Apresenta heróis violentos que eles desejam imitar.

- Promove um comportamento agressivo e maléfico.

- Mostra que a violência é aceitável como uma forma de resolver conflitos.

- Incita a ignorar o sofrimento e os efeitos nocivos da violência.

- Provoca medo, desconfiança e preocupação (às vezes inclusivé pesadelos).

- Abre o apetite para ver mais violência em contextos mais extremos.

- Substitui o uso da imaginação na brincadeira com as outras crianças.

Contudo, apesar da complexidade sobre o tema e tal como refere Ferrés (1994: 119-120), há que continuar a investigar sobre o tema, pois não nos podemos limitar a «afirmações simplistas». Além disso, indica como resposta a alguns casos pontuais, as seguintes refle­xões:

- A presença da violência, tal como também se verifica nos contos infantis, está patente e isso não é valorizado necessariamente como algo negativo. A criança que se assusta ao ler e ao ouvir um conto aprende, de forma implícita e natural, que na vida existe maldade, dor, sofrimento, morte...

- A dosagem da violência, ou seja o visionamento de programas em que apareça violência é distinto dos programas que são violentos. «Uma coisa é a criança aprender intuitivamente que na vida há violência e outra é aprender que a vida é violência».

- A explicação do que é a violência, por vezes apesar de em pouca quantidade po­der ser educativa «desde o ponto de vista ideológico e catártico», quando clarificada por meio de palavras pode acabar por ser prejudicial. Tal como refere o autor, a violência verbal é distinta da visual, pois no caso concreto do conto do Capuchinho Vermelho, é diferente dizer-se que o lobo comeu a avó, do que através de imagens ver o lobo a comer a avó.

- O sentido da violência, ou seja a violência manifestada em personagens humanos é diferente da presente nos desenhos animados. E além disso, os comportamentos violentos, manifestam-se em função do desempenho das personagens como resposta a «causas justas».

     
      Apesar de haver uma maior predominância em relatos sobre os efeitos negativos provocados pela televisão, não devemos esquecer a outra vertente da influência televisiva que assu­me um papel positivo, do ponto de vista social e cultural. Segundo Pinto (2000:138), o programa Rua Sésamo foi um exem­plo de sucesso junto da população jovem, «foi concebido para intervir, de forma motivadora, no desenvolvimento de competências de conhecimentos de crianças em idade préescolar, em ordem a atenuar, por essa via, as disparidades socioculturais... procurou romper com a dico­tomia entre as dimensões recreativa e educacional, mediante a adopção da filosofia de que é possível ‘aprender de forma divertida’».      
             
     

3. A televisão na formação das crianças

     
     

Durante muitos anos habituámonos à ideia que a televisão era apenas considerada como uma forma de entreter o público e que, por outro lado, o conhecimento estava relacionado com a educação e esta por sua vez, associada à escola. No entanto, encontramonos actualmente numa fase em que o conhecimento e a cultura estão impregnados de mensagens audiovisuais. Como tal, não podemos descurar este facto, devemos repensar nesta questão da presença da televisão em contexto educativo, evitando ignorála e considerála como uma ameaça para o processo ensino/aprendizagem.

     
     

A imagem da escola, nos estereótipos sociais com muitas dezenas de anos, é representada como um local onde «reina uma disciplina penosa e difícil de suportar, onde não são toleradas nem fraquezas nem fantasias». Desta forma, a imagem que temos dos media, que divertem, entretêm e que até são repousantes, contribuem para algum antagonismo em relação à instituição escolar (Freixo, 2002: 77). Desta forma, muitos professores defendem esta oposição, tornandose mais complicado moldar certas atitudes. Há que criar estratégias e condições para que a escola e a televisão se complementem, permitindo assim acompanhar os alunos na tarefa de ensinar. A escola deve procurar adaptarse a esta nova situação, procurando actualizarse e formarse para poder dar resposta a esta nova realidade. É urgente que os professores tomem consciência deste no­vo complemento da aula e da sua linguagem característica.

Os media foram criados num meio sem ser o educativo, contudo actualmente ninguém duvida do grande valor instrutivo que lhes está inerente. Desta forma, já faz parte do nosso conhecimento, a presença destes meios em algumas áreas concretas do currículo educativo, tal é o caso das disciplinas de Educação Visual e Tecnológica, da Educação Visual e Artística...

A linguagem audiovisual e toda a evolução das novas tecnologias que se fazem sentir, devem estar presentes no currículo escolar do aluno, de forma que este não sinta uma grande ruptura entre as aprendizagens na escola e o universo mágico no qual se encontra inserido quan­do fora da escola.

     
     


COMPARAÇÃO DA LÓGICA ESCOLAR E
DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO (TELEVISÃO) 

ESCOLA

MEIOS DE COMUNICAÇÃO

(TELEVISÃO)

 

Conhecimento

(valorização do que é permanente, estável, comprovado)

 

Informação

(notícias de actualidade, investigação de problemas, levantamento de situações, encenação, surpresa e choque)

 

 

Processo de aprendizagem

(esforço, aprofundamento, gradualidade, duração)

 

Espectáculo

(facilidade, superficialidade, sensação de aprender sem esforço)

 

 

Razão/discurso lógico

(raciocínio dedutivo, abstracção, linearidade, espírito analítico)

 

Imaginário /sensação

(intuição, dimensão táctil e visual, sincretismo, apelo ao inconsciente)

 

Carvalho (1995: 116)

     
     

A televisão é um instrumento imprescindível na preparação dos mais novos para uma sociedade de informação, na qual estamos imersos. Além disso, encerra em si mesma um grande potencial formativo, quando é utilizada através de um método pedagógico adequado. Actualmente uma das grandes preocupações da escola deveria ser, preparar a criança para adoptar uma atitude crítica, para ser capaz de descodificar a linguagem da imagem, sendo consciente das mensagens que recebe no seu diaadia. Paralelamente ao que já foi referido, a alfabetização audiovisual, poderá ser um óptimo recurso na formação cívica, através da interpretação e do diálogo sobre as imagens. É necessário que os alunos adquiram as directrizes necessárias que possibilitam a leitura e a interpretação das imagens. No entender de Gómez (1996: 129), «lamentarmonos que as crianças e os jovens de hoje passam as horas mortas frente ao televisor não conduz a nada».

     
             
     

4. Estratégias para uma educação crítica

     
     

Como parte conclusiva desta comunicação, achámos que seria de todo o interesse em contrastarmos algumas das principais vantagens e desvantagens que a televisão poderá acarretar nas crianças e jovens2:

     
     

VANTAGENS

DESVANTAGENS

  • Entretém.

 

  • Acompanha.

 

  • Educa através da exposição de palavras e conceitos. Por exemplo, existem programas sobre os países e os seus costumes, sobre o mundo animal, etc.

 

  • Informa pois permite uma maior experiência pessoal e variedade de informação, o que conduz a uma maior selecção do produto visionado.

 

  • Comunica com o mundo e favorece o acesso à cultura.

 

  • Permite a união da família em redor de determinado programa, fortalecendo o intercâmbio de valores e o melhoramento do conhecimento da realidade nas crianças.
  • Determinados programas condicionam a perca de valores.
  • Fomenta o consumo excessivo.

 

  • Limita o tempo para actividades como ler, conversar, brincar, expressar-se e criar, que são fundamentais para o desenvolvimento e aprendizagem das crianças.

 

  • Pode expor as crianças a um ambiente de violência, erotismo e pornografia.

 

  • Pode provocar confusão entre a realidade e a fantasia.
     
             
     

Posteriormente serão apresentadas algumas sugestões que poderão ser úteis na utilização adequada da televisão em casa, porque para além do papel fundamental que os professores têm nesta tarefa de educar para uma alfabetização audiovisual, os pais sem dúvida, tam­bém são detentores de um papel importantíssimo o qual se inicia dentro de casa3.
- Controlar o tempo que a criança passa diante do televisor; uma criança com menos de 6 anos não deveria ver mais que uma hora diária.
- Selecionar os programas consoante a idade e as aprendizagens da criança. Podese dialogar com ela sobre a selecção do programa e as razões da selecção. Há que ter algum cuidado com determinados desenhos animados, concretamente com a violência que apresentam, o que poderá conduzir a alguma angústia na criança; além disso ter em atenção alguns dos conteúdos apresentados nos filmes e em algumas séries.
- Desfrutar da televisão com os filhos (mesmo que não seja sempre) e fazerlhes ver que há coisas que ocorrem e que são reais, mas que existem outras que são fantasia. Os educadores e os pais poderão dialogar com a criança, sobre o que está correcto e o que não está, o que aconteceria se a personagem principal mudasse de género (masculino-feminino), as características e tipo de vida que estas representam e se serão ou não coerentes com o que acontece na vida real.
- Evitar utilizar a televisão como um «sedativo», para que a criança fique sossegada e tranquila.
- Evitar que a televisão esteja permanentemente acesa. Acendêla à hora de determinado programa seleccionado e quando este termine, apagar a televisão, de forma a que a criança comece a adquirir este hábito e a fazer o mesmo.
- Observar os anúncios publicitários de forma crítica. Através do diálogo e da análise descobrir juntamente com a criança, qual é a intenção que está por detrás do comercial, qual é o produto que se pretende vender e procurar distinguir entre a realidade e a ficção.

     
             
     
Referencias
     
     

BALLE, F. (2003): Os Media. Porto, Campo das Letras.
BARTOLOMÉ, A. (1999): Nuevas tecnologías en el aula. Barcelona, ICE y Graó.
CARVALHO, A. (1995): Novas metodologias em educação. Porto, Porto Editora.
DE BESOMBES, A. (1975): Os brinquedos do seu filho. Porto, Família 2000.
FERRÉS, J. (1994): Televisión y educación. Barcelona, Paidós.
FREIXO, M. J. (2002): A televisão e a instituição escolar. Lisboa, Instituto Piaget.
GÓMEZ, J.L. (1996): «Psicología, cine y educación», en Comunicar, 7; 129-134.
GONZÁLEZ, J. (1988): Persuasión subliminal y sus técnicas. Madrid, Biblioteca Nueva.
LURÇAT, L. (1998): Tempos cativos: as crianças TV. Lisboa, Edições 70.
PINTO, M. (2000): A televisão no quotidiano das crianças. Porto, Afrontamento.

     
     
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1As repercussões sobre as crianças como consequência da violência nos meios de comuni­ca­ção, foram retiradas de um folheto elaborado pela Associação Norte-Americana de Psicologia e pe­la Associação Na­ci­o­­nal para a educação das crianças mais novas (National Association for the Education of Young Children) como parte do projecto ACT (Adultos & Chicos Todos – contra la violencia).

2As vantagens e desvantagens foram retiradas de um manual para o educador, designado por «Manolo y Margarita aprenden com sus padres», o qual foi elaborado pelo Ministério de Educação do Chile, 1998; pág.100.

3Ibídem; pp.100-101.

     
     
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Ana Luisa Fernandes Gonçalves es Licenciada en Professores do Ensino Básico y profesora en la Escuela de Ferreiras (Albufeira-Portugal) (analuisag@megamail.pt).