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Este texto pretende apresentar algumas experiências brasileiras de uso da linguagem audiovisual – TVs comunitárias, TVs de rua – a partir de dois projetos: a TV Maxambomba e a TV Pinel e seus ecossistemas comunicativos. A partir da minha inserção como membro de suas respectivas equipes, tenho buscado interlocuções entre os conhecimentos que estes trabalhos me propiciaram e as questões que rondam fazeres pedagógicos cotidianos de muitas escolas brasileiras. Questões que relacionam-se com as discussões sobre a televisão, os usos da linguagem audiovisual em práticas comunicacionais com pequenos grupos, a lida com as tensões das relações interculturais e das possibilidades de pensarmos sobre a produção de conhecimentos. A TV Maxambomba – 1985-2000 – atuou na região da Baixada Fluminense, zona periférica do Rio de Janeiro, considerada pela mídia comercial como zona pobre e violenta. A idéia inicial da TVM era de ajudar os moradores a discutirem seus problemas e, consequentemente, que pudessem organizarem-se em busca de seus direitos de cidadania. Com um telão sobre uma Kombi, percorria-se os diferentes bairros onde eram feitas exibições, ao anoitecer. Pretendia-se: provocar audiências públicas ajudando a recuperar os ajuntamentos populares que haviam sido reprimidos pela ditadura, recém finda; através da gravação de programas com os moradores dos bairros, introduzir outras imagens, na tela, questionando as imagens assépticas de um Brasil branco, de olhos claros e macho; ajudar a trabalhar a auto-estima de uma população fortemente vilipendiada que só aparecia na televisão em caso de tragédia e em todas as situações que pudessem ratifica-la como feia, violenta, como uma massa amorfa. A equação era simples: se a mídia tradicional mostrava as misérias daquele lugar, como generalização, nós, da TVM, mostrávamos os fazeres cotidianos das gentes - como mulheres de um determinado bairro faziam para resolver problemas de desemprego, criando uma cooperativa de costura e ao mesmo tempo criavam um espaço educativo-recreativo para os filhos; os artistas, os grupos culturais e as experiências de jovens na lida com seus problemas. Em 1995, a partir da experiência da TVM, fomos convidados pelo Ministério da Saúde para ajudarmos a pensar um projeto de uso do vídeo, num hospital psiquiátrico. A TV Pinel nasce em 1996 nos ventos da luta antimanicomial. Trabalhadores de saúde mental, familiares, loucos e vários setores do poder público, articulavam a reforma psiquiátrica, que entre outras pretensões, buscavam atacar as perversidades dos lucrativos negócios dos manicômios privados e o paradigma que sustentava a centralidade do saber médico, de tratamentos violentos e da exclusão física e simbólica. A Reforma, de saída, aspirava por novas interlocuções, a convocação de saberes interdisciplinares, do fechamentos dos manicômios e a busca de novas maneiras de relacionamentos com os sofrimentos psíquicos. Dentro do hospital Philippe Pinel, a TVP tem envolvido em suas atividades, usuários dos serviços, funcionários e técnicos. Materializa-se como um espaço de interação que se dá, não a partir das relações e dos papeis desempenhados por cada um dentro da instituição, mas pelas demandas de projetos de produção de vídeos.
This text intends to present some Brazilian experiences of use of the audiovisual language - TVs communitarian, TVs of street - from two projects: the communicative TV Maxambomba and TV Pinel and its ecosystems. From my insertion as member of its respective teams, I have searched interlocutions between the knowledge that these works had propitiated me and the questions that make the rounds to make pedagogical daily of many Brazilian schools. Questions that become related with the quarrels on the television, the uses of the audiovisual language in practical comunicacionais with small groups, the chore with the tensions of the intercultural relations and the possibilities to think on the production of knowledge.